A pequena aldeia de Vale da Mó, no concelho de Anadia e distrito de Aveiro, é berço de um tesouro bem guardado: as Termas de Vale da Mó, com a sua água férrea. No vale que acompanha a Serra do Caramulo, a 250 metros de altitude, as Termas estão enquadradas por uma cinta de denso arvoredo.

Quase no extremo leste da Bairrada, os montes vestem-se de pinheiros e medronheiros, aos quais se juntam alguns sobreiros, oliveiras, acácias e eucaliptos. É neste cenário lindíssimo e variado, longe da correria do dia-a-dia, que nos recebem as Termas de Vale da Mó, um lugar que convida ao tratamento e ao descanso.

Datam do século XVIII as primeiras referências a uma fonte termal na aldeia. Atribuída ao Padre Manuel Almeida, a sua descoberta terá acontecido, de forma casual, no ano de 1730, quando foi surpreendido pela especificidade do sabor “ferruginoso” da água que brotava da fonte. O entusiasmo foi grande, pelo que decidiu partilhar a boa nova com um irmão, juiz-desembargador em Lisboa. A fama de serem as melhores águas férreas do país espalhou-se rápido, contribuindo para o aumento do número de utilizadores e para o desenvolvimento da povoação.

A partir de 1912, ano em que que foram conhecidas as primeiras análises químicas, realizadas por Bonhorst, e em que foi feito o pedido de concessão, esse crescimento foi ainda mais notório. Já na viragem do milénio, e após um longo período de estagnação, as Termas de Vale da Mó sofreram várias obras de remodelação e reabriram, em 2003, pela mão da Câmara Municipal de Anadia, atual concessionária.

“Pura, sem cheiro e de sabor ligeiramente férreo”, segundo uma análise feita pela Direção Geral de Geologia e Energia em 1993, a água mineral das Termas do Vale da Mó possui características consideradas únicas em Portugal. Está indicada para o tratamento de doenças do sangue (anemias e outras por carência de ferro) e gastro-hepáticas, sendo ingerida pelos doentes na própria fonte, mediante prescrição médica obrigatória.