Nas faldas do Rio Côa, as águas sulfurosas já seriam conhecidas no período romano e não passaram despercebidos os seus efeitos para a saúde.
Na sua obra Monarquia Lusitana, que constitui a principal referência da História de Portugal até ao início da 2ª Dinastia, Frei Bernardo de Brito também fala da existência destas águas, que foram igualmente procuradas pelos frades do Hospital Militar de Almeida, para tratamento aos seus enfermos. Conta o investigador Augusto Moutinho Borges que, “na célebre Postila Arte de Enfermeiros, vai surgir o interesse pelo tratamento assistencial termal, dando destaque aos benefícios para a saúde”.
“Essa prática foi desenvolvida no século XVIII e incentivada por Ribeiro Sanches, médico que nasce em Penamacor e conhece bem as dinâmicas termais”, acrescenta o historiador, notando que “no século XIX, a procura decresceu com a extinção das ordens religiosas”.
É no final do século que nascem “as primeiras construções onde a população vai procurar cuidados para as suas dificuldades”, com “muitos relatos” dos poderes curativos das águas a serem partilhados, noites fora.
“Mais recentemente, no século XX, [as termas] foram fundamentais para o incremento assistencial na região”, conta Augusto Moutinho Borges, adiantando que, em 1927, após a saída, de Almeida, do último batalhão de soldados, médicos militares e boticários, “as termas passaram a ser entregues a um oficial”. O edifício termal apresentava-se como “uma construção granítica, com corredor central e dependências dos lados”.
Depois do 25 de Abril, continua o investigador, “procurou-se revitalizar o edifício, com adaptações”, mas face à construção de uma barragem a montante (que não chegou a concretizar-se), as instalações foram deslocadas para uma cota mais alta, “com um espaço muito interessante, uma piscina fantástica e uma arquitetura que se integra na paisagem”.