O investigador Pedro Nóbrega é autor da obra “Uma viagem por terras de Alcafache”, um trabalho monográfico sobre a história e o património daquela freguesia do concelho de Mangualde, realizado em 2007, a pedido do então Presidente da Junta, Justino Costa.

O estudo perpetua uma recolha de informações históricas do lugar e dos banhos, datando as mais antigas do período romano. Embora não tenha chegado documentação desse período, acredita-se que onde houvesse águas à superfície, os romanos aproveitá-las-iam. E em Alcafache não seria diferente, uma vez que ali podemos encontrar a ponte sobre o Rio Dão, cuja arquitectura ainda tem elementos – como blocos almofadados – da era romana; e vestígios de uma calçada também desse período.

Ao século XVI remonta a albergaria mandada fazer por Pedro Marques, cónego da Sé de Viseu, que deixou os seus banhos em testamento, designando como albergueira a sua ama e como administradora uma sobrinha, sendo os seus bens empenhados para o seu sustento. Os pobres, aquando da sua passagem pelo lugar, passariam a ter, por uma noite, roupa, comida e fogo.

Já a Casa do Fidalgo foi construída no século XVIII para que o fidalgo Pais do Amaral, da Casa de Anadia, em Mangualde, e sua família pudessem ir a banhos em Alcafache.

No extremo da aldeia, restam ruínas da albergaria que pertencia à Misericórdia de Viseu, onde os doentes e pobres podiam ir a banhos e pernoitar durante o tratamento, havendo um responsável por tomar conta da casa e entregar-lhes uma pequena quantia em dinheiro para as suas necessidades.

Do século XX ficam as memórias das casas construídas para acolher hóspedes vindos de vários pontos do país. Aqui, os banhos de imersão eram feitos em banheiras de zinco, com as águas a serem colhidas diretamente da fonte e transportadas a cântaro para os domicílios.