O testemunho de Alcinda Lopes, antiga funcionária, começa com as memórias que escutou pela voz da avó e que nos levam até 1818, quando o padre José Inácio de Oliveira, grande dinamizador do uso das águas da Felgueira, mandou construir um barracão em que se faziam os banhos. A estrutura seria um tanque grande onde as pessoas se iam banhar, depois de se saber que estas águas já seriam conhecidas pelos pastores que aqui passavam com os rebanhos em transumância, desde a Serra da Estrela, e saravam as feridas das patas dos animais. ‘Se era boa para os animais, também o seria para os homens’, ouve-se com frequência por aquelas paragens.

Em 1886 é construído o Grande Hotel e criada a Companhia do Grande Hotel Club das Caldas da Felgueira, independente da Companhia das Águas. Vivia-se um período de grande projecção e a estância era considerada, no início do século XX, uma das melhores do país, dado o aperfeiçoamento nos tratamentos.

Na década de 60, havia um casino, salão de jogos, cinema, teatro, correios, bombas de gasolina e diversos serviços que deixam saudades à comunidade. Alcinda Lopes recorda também o incêndio no Grande Hotel, em 62.

As Caldas da Felgueira são também sinónimo de tradições, como Banho Santo, que leva os curistas, na noite de São João, de 23 para 24 de Junho, até ao balneário.