A vida de Delfim Rocha, de 75 anos, confunde-se com diversos períodos marcantes da História de Portugal. Natural de Mamouros, em Castro Daire, cresceu no seio de uma família pobre.
A falta de perspectivas na terra que o viu nascer levou-o a fazer a tropa, como voluntário, em 1965. No regresso, empregou-se em Viseu e teve um carro de praça nas Termas do Carvalhal, mas a promessa de melhores condições de vida fez com que emigrasse, ‘a salto’, para França.
A ligação às origens falou, no entanto, mais alto. No regresso à sua terra, em 76, surge o convite para ser candidato à Junta de Freguesia, nas primeiras eleições autárquicas do país após o 25 de Abril, que viria a vencer.
Entre outros projectos, Delfim Rocha tem-se dedicado à agricultura, uma herança que herdou dos pais, no tempo em que as famílias fabricavam as terras para terem o milho para fazerem a broa, que era o sustento da família. A esta juntava-se a matança do porco e a importância da criação do gado para venda.
A evolução dos engenhos de rega, a vida nos meios rurais e o rio como fator de união entre a juventude foram outros temas abordados durante este testemunho. Delfim Rocha transporta-nos na história, até ao tempo em que, dadas as dificuldades e a falta de meios de transporte, “quando passava a carreira, que fazia a ligação de Viseu à Régua, era uma alegria”.