Cidália dos Santos seguiu as pisadas dos pais que, emigrados na América, começaram a investir em imobiliário, a que juntaram algum património herdado. Do alto dos seus 93 anos, vai desenrolando memórias de outros tempos, que “não eram como agora”.

A partir de Maio, os banheiros levantavam-se de noite, iam até ao tanque e acartavam a água a cântaro para as banheiras, ainda feitas em madeira, das casas particulares. Por vezes, a procura era tanta que o poço esvaziava e era preciso aguardar que voltasse a encher.

Mais tarde, no tempo do dr. Leal, o recurso hídrico passou a chegar canalizado até às habitações. Os utentes pagavam a inscrição na concessionária e mantinham os banhos ao domicílio, onde os espaços eram partilhados por 5 ou 6 banheiras, já feitas de folha de zinco. Além da manutenção diária, todos os anos eram pintadas, recuperando o tom azul clarinho.

Cidália dos Santos habitou-se “desde garota” a ver os doentes chegar, amparados, ainda transportados em carro de bois. “Dois ou três banhos depois já tinham melhorado” e no ano seguinte voltavam em busca de um novo bálsamo para as suas dores.