Quando era mais nova, entre os 8 e os 12 anos, Dora Mendes sofria com crises de sinusite, pelo que as suas memórias incluem as idas às Termas das Caldas da Rainha, cuja envolvente se pautava pela enorme azáfama de gente. Nos pavilhões do Parque havia uma biblioteca onde ia requisitar os livros que lia durante os tratamentos. Gozava-se de “um ambiente muito seguro, de proximidade”, em que se estabeleciam facilmente amizades entre as crianças da sua idade.
“As sensações e o cheiro da água” fazem também parte do seu imaginário. Conta que, “durante muitos anos”, não voltou a ter problemas respiratórios e que até já trouxe o filho, que tinha indicações para ser operado, a fazer cura termal, tendo acabado por superar o problema com duas épocas de tratamento.
E não é só a nível físico que se vêem os benefícios, confirmando a máxima “mente sã em corpo são”. “Aqui não pode haver pressa, apenas tranquilidade, um ritual que nos acalma”, sublinha a técnica superior do Museu do Hospital e das Caldas.
Dora Mendes transporta-nos também até à génese deste “recurso extraordinário, quase equivalente ao valor do ouro”, que resulta das águas das chuvas que se infiltram na Serra dos Candeeiros, a uma profundidade considerável, e fazem o percurso até à zona termal, até encontrarem terreno permeável para a sua emergência num percurso que demora entre 2500 a 3000 anos e através do qual vão absorvendo as suas características em termos de mineralização, temperatura e cheiro.